O time Sub 20 dos Pérolas Negras recebeu, em 25 de outubro, dois novos jogadores haitianos: Estinphile Garrinsha, meio campista com habilidades ofensivas e defensivas, e o atacante Thelisma Sadson. Eles vão morar e treinar no CT do time em Serrinha, distrito do município de Resende, Região Sul do estado do Rio de Janeiro. Além da oportunidade no esporte, todos os convocados recebem bolsa e têm acesso à educação básica e profissionalizante.
Entenda o Processo Seletivo
A Academia de Futebol Pérolas Negras (APN) vai muito além de um time “comum”. É preciso compreender a iniciativa como uma rede global atuante na Síria, Haiti, Venezuela e Brasil. Normalmente, o processo seletivo é feito em imensas “peneiras”, como a de Zaatari, na Jordânia, um dos maiores campos de refugiados do mundo, de onde saíram quatro atletas Sírios escolhidos para vir jogar aqui após se destacarem no meio de mais de 150 candidatos.
Entretanto, até o momento, a APN haitiana tem sido o maior “celeiro” de atletas e uma grande base para os Pérolas Negras no Brasil. O VRB entrou em contato com Valmir Fachini, Coordenador do time no Haiti há 11 anos, para saber mais sobre como funciona o processo lá no meio do Mar do Caribe.
A Academia no Haiti opera com uma média total de 160 a 170 atletas. De segunda a sexta, os jogadores são distribuídos em três categorias – Sub 11, Sub 13 e Sub 15 – com equipes de 25 a 30 jovens em cada uma delas. Esses são os dias mais importantes de treino, quando há maior estrutura, principalmente em relação à alimentação. Após o turno escolar, é servido o almoço no Centro de Treinamento. Depois da refeição, os atletas descansam e então treinam por três horas consecutivas.
Aos sábados, acontecem os treinos com “peneiras” e o fluxo da APN aumenta bastante, chegando a receber até 150 jovens em um único dia. Segundo Fachini, o número de atletas treinando de forma regular aos finais de semana é em torno de 60, os demais são candidatos vindos de diversas partes do país para tentar uma vaga. “Consideramos essas ‘peneiras’ uma ação social do projeto”, completa o Coordenador, se referindo aos dias nos quais aproximadamente 100 crianças não participantes do projeto são alimentadas em seus corpos e sonhos.
Atualmente, o processo seletivo dos jogadores Sub 20 encaminhados para o Brasil é feito totalmente por profissionais do Haiti. Para Fachini, essa forma de selecionar é mais eficiente porque a equipe local está em contato diário com os jovens e é capaz de avaliar, além do potencial esportivo, aspectos comportamentais e sociais decisivos para uma boa performance no Brasil.